segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

domingo, 21 de dezembro de 2008

bonequinha "atemporânea"



boneca de pano.vassalisa.a boneca de bolso que é intuição. bonequinha inventário.carrega consigo o tempo,os séculos, os vestígios , as marcas,as imagens ,os caminhos, as possibilidades, as estações,os resquícios,os objetos ...
com ela tudo que passa, fica.
ela é tudo que vive


Noite.gente. muita gente. barulho de copos misturado com a música alta. ela com suas sandálias vinho , muito lápis de olho preto , comendo morangos na taça.
Ela : “I need a fix 'cause I'm going down ...down to the bits that I left uptown … como era?...I need.... ai need o quê mesmo? I need...I need a fix cause I'm going down. Isso!!! Mother Superior jump the gun. Juuuuump the gun...Esta época do ano fico tão mais fraca pra bebida, não posso me esquecer disso. Ok. Lembrar na quinta caipirinha já não faz mais diferença. Eu sei. Moço, toca aquela música que ...calma..eu só lembro de uma parte..é assim.. ai,calma, passou rapidinho na mente, é “.....”, gente, como é que eu fui me esquecer de Beatles?...moço é Beatles, aquele álbum branco..é. ah sempre é horrível pedir pro DJ música. Não vou mais pedir. Porque aquele cara ali fora está me olhando? vai me pedir fogo.sempre.Porque eu não olho? Nunca consigo olhar de volta. Meus olhos... se não disfarço, me entregam. Cadê o menino da... Não , não venha me chamar pra dançar, não quero. Caaalma, é só dizer : não quero. Não acredito! É ele. Ele chegou, tinha certeza que ele vinha. Tá, não vi, vou fingir que não vi, qualquer coisa justifico que estou ficando míope. Não, não justifico nada, não vi e ponto. Ele é que tem que vir falar comigo. É estranho encontrar depois de tanto tempo. Queria saber mais como está tudo. E esse frio na barriga? Gente porque estou aqui parada? Esperando? Esperando o que? E o cara que foi ao banheiro e não volta? Mas eu não estou esperando ele. Aliás porque eu estou pensando nele? Aquela calça escorregando , a cachaça na mão , a pálpebra caindo , mas tinha um olhar que dizi....quantos minutos já se passaram? Segundos ou milênios? Disfarço. Riso frouxo. É noite, e vem com a desculpa perfeita pra fingir que está tudo bem. Estou feliz. Ai, ele tá se aproximando , que frio na barriga.E ai tudo bem, o que você anda fazendo? tanta coisa....estou bem. E você?....nossa, você tá aqui já faz tempo? Para de ensaiar o que você vai falar. Nem quero falar com ele . Cadê aquele moço que ia pedir fogo? “The man in the crowd with the multicoloured mirrors.. On his hobnail boots ...Lying with his eyes while his hands are busyWorking overtime” O nome da música , ai ...Vou lá fora. Pessoas, pessoas, pessoas . Nos fingimos de outros ou somos todos os mesmos. De novo. Estou distante. Volta, volta. Um pontinho, estou solta .Não. Não posso estar solta porque estou em união com tudo. Esse discurso repetitivo na minha cabeça. “Todo mundo sorrindo se sentindo a vontade“, quem falou isso? O moço do banheiro. Aliás até agora no banheiro?
Às vezes quando tem muita gente é quando eu me sinto mais sozinha. Eu já tô em outro mundo. Ei , volta, volta.Aqui, agora. Tudo amplo, minha vista aérea, ficou tudo tão distante e tão claro, olha os pontinhos lá embaixo. Queria mergulhar nua nesse mar. Agora. rasgar o vestido, a maquiagem borrada, acho lindo maquiagem borrada , ou então parar o som e começar a cantar do alto das minhas sandálias vinho e do meu vestido rodado escarlate: "She's not a girl who misses much Do do do do do do do do" Do que essas pessoas falam tanto? Às vezes dá um enjoamento de tudo isso. Ih, o calça caindo saiu do banheiro com seu copo de cachaça ... deixa pra lá. To gostando do moço do fogo. Aqui fora tá melhor. Mas...
Ele - Ei.
O frio na barriga agora? mas e o moço do fogo cadê? oi e aí o que anda fazendo? Saudade de você. Não seja muito simpática.Para de ser boba, você que não foi legal com ele. O Obama ganhou né? Fiquei até com vontade de morar nos EUA. Que besteira. Tá gostando daqui? Ia pedir a música aquela..lembra o nome pra mim... dos Beatles que eu vivia ouvindo naquele ano? Te beijo. Vi você chegando mas tinha muita gente na frente, por isso que não falei nada. Se eu não escondo meus olhos me vêem...não quero dizer nada. Há quanto tempo estou em silêncio...eu..
Ele- She's not a girl who misses much Do do do do do do do do She's well acquainted with the touch of the velvet hand Like a lizard on a window pane..
Ela- Happiness is a warm gun…Happiness is a warm gun..bang bang bang... happiness..yeah yeah...

domingo, 14 de dezembro de 2008

E de repente um choro sem muito significado
o vinho deixando tudo alterado
a percepção enganada
a lágrima engasgada
na juke box o rock daquela juventude descabelada
tinha vento e tinha calma
hoje não sei de nada
sobre o pouco do que se sente
fica uma pergunta
reticências com som de máquina
sentimentos não catalogados
amor dividido

tudo o que foi e que ainda permanece
o beijo mandado várias vezes pro amor do passado
"não esquece por favor, ele não sabe mas é o meu primeiro amor"
o cara do lado nervoso com a vodka na mão
o apaixonado que só olha de rabo de olho

e o medo dele de ser precipitado
tantas atitudes e pensamentos inacabados
enquanto isso
pra você que está do lado
te peço um trago
e um gole dessa bebida

fria
é que to estancando a ferida
que eu nem sei da onde vem
aqui, meu bem
sangra vermelho
de vez em quando

e sem medida
dia sim dia não
fica um choro entalado
que num sorriso logo disfarço
não acho a fonte dessa água
que não deságua e nem seca de vez
acho que ficou lá atrás no eu te amo mal dado
no beijo roubado por outro

no fim de alguma coisa que se construía
a justificativa ficou perdida
mas hoje de repente volta alguma coisa

e o que sobra é a espera do quem sabe um dia...



quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

E naquele instante tudo ficou breve. Respirou profundamente, deixou o ar entrar e sair bem devargazinho como se prendesse a vida ,a segurasse por muitos segundos durante um segundo. Tinha mania de controlar. A mãe perguntou se era mais fácil inspirar ou expirar, rapidamente ela respondeu expirar, depois se corrigiu – não...acho que é inspirar. Falou baixinho sentindo o ar que entrava, fresco e duradouro. O expirado tão mais curto, rápido, jogado fora. O que você tem dado a vida? Ouviu ou pensou, não sei. Passou.
A vontade de agarrar a vida como um passarinho fazia dela mesma presa fácil de tudo que estava ali presente pra ser vivido. Era difícil ser ela.
Olhou as folhas cheias de sombra do sol, bem ali de fora da janela aberta.E era isso que elas, as folhas, generosamente lhe falavam, do dia ensolarado, da brisa gelada daquela tarde com horário de verão , do céu azul sem nenhuma nuvem , da pulsação em ritmo de coração no eixo. Era a vida lhe prometendo uma sinfonia e exigindo de mansinho, cheia de sorrisos , mais atenção. E foi ali cara a cara com a vida ensolarada que se deparou com a pergunta - o que tinha pra dizer?
( )
Precisava parar de olhar a janela porque tinha que terminar de fazer alguma coisa que se propôs horas antes.
Doía não conseguir trocar palavras com as folhinhas verde e amarelas de Sol.
Prometeu que iria sorrir mais...e se permitir viver mais tudo que estava ali gritando,escancarado, crescendo. Anotou no caderno , com data grifada dando início a resolução. Dar stop naquela mania de ter mil coisas pra fazer, aproveitar mais o estar parada. Mas estava ali e naquele "pensa pensa pensa em tudo que tinha de ser feito". STOP.
Ligou o som para ouvir a música que a fazia sentir-se muito ela.
Acordeom e algum instrumento que faz som de bola de sabão estourando. E por dentro também estourava.
E essa brevidade da vida? tão clichê, tão já dito, mas de repente ela ali “tão novinha” como gostam de dizer, e sentia tudo indo embora. Ela pesada, ela trem percorrendo o trilho apressado . O que fazer com o futuro de ontem? É hoje.
Pensou na cachorrinha que estava ali dormindo e de como ela nunca parou pra pensar no dia que ela não estiver mais ali , que poderia ter levado ela mais vezes pra correr no sol e ver o labrador que late na esquina. Ei, mas péraí...ainda pode;
Pensou no tudo que ela deixa pra depois porque existem tantos amanhãs e vai dar tempo, vai. E lembrava que daria tempo mesmo.
Pensou no dia que os corações que estavam em volta dela parassem de bater. porque iriam uma hora descansar.
Pensou no quanto ela vive com a certeza do pra sempre .E foi assim com os grandes amores que ela deixou, com os que duraram um frisson , com os que foram embora de repente, triste porque ela sempre acreditava, e acredita que é pra vida inteira.
E se via ali, ela como vida inteira.
Pensou na dor que passou e na hora que doía porque ela não falava nada, desconsiderou .
Pensou nela com 15 anos apaixonada por um menino de verde e que hoje ela adoraria contar pra ele que a única vez que escreveu um diário foi todo pra ele.
Pensou que se hoje ela pensava assim de ontem , daqui uns anos o que ela não estaria pensando de hoje?
Pensou que tem tanta praia que ela não vai, tanta tarde a toa que ela se culpa porque ela pode ficar sem nada pra fazer.
Pediu desculpa pras folhinhas. Dava tempo de começar. Hoje de novo, pela primeira vez. Gritou sem fazer barulho.Óuviu dentro dela as bolas desabão estourando. 1 2 3 e já.
Assim a vida breve estendeu seu tapete vermelho e a recebeu.
O céu agora está azul e a menina sorri . Tudo o que passou sempre é. Ela é tanto; ela é tudo , ela é sempre. Pra sempre.
1, 2 , 3 e já.

Vida Básica

essa não é de hoje mas continua servindo agora .
Tô cansada dessa vida básica
Hora ajustada para acontecer
Despertador marcado com antecedência
Gritando “ ação”
“Eu não!”
respondo
...sonada
Falo de novo
“Chega dessa vida básica”
O pretinho clássico é justo demais
Incomoda
Restringe meu rebolado
Me deixa sem gingado
Não mantenho a pose de salto alto
Tropeço de cara
E me sobra um joelho ralado
Pra cair só se for fora desse esquema armado
Pessoas estilo supermercado
ação pelo dinheiro
compro – como- bebo
falta de tempo
Sinônimo de atividade
“estou fazendo e acontecendo ...”
“com licença não dá pra falar com você agora : encontrei a felicidade”
É ..pensar no mundo ta fora do prumo
Fiquei de fora
Na procura incessante do meu rumo
Do meu profundo
Achando que vale
Crer , sonhar
Rebolar. Rebolar. Rebolar
Cair no chão
Chorar
Reclamar
Sonhar de novo
E depois dançar
Me perder na pista
Comemorar o sonho que vira vida
Fazendo a roda girar
Vibrar...
Lá vem a vida básica ensaboando meu chão
Escorreguei. Acordei,
Foi o despertador programado para gritar
Dar um escândalo
“chega dessa vida básica”
Minha voz tenta sair
Como num sussurro infeliz
Pós - sonho
Pré -levantar
Pra onde esse som desse aparelhinho alto demais vai me levar?
Todo mundo sabe o ritmo
De cor e salteado
Da coreografia
E ai me chamam de pé duro...
Não consigo... Não me encaixo...
Acho que a vida me obrigou a encontrar minha autenticidade
Porque ... eu confesso:
já tentei seguir a dança desse escandalizador matinal
chorei
passei mal
Mas hoje?
To feliz até quando estou triste de não ser assim
Básica
Banal
Não sei ser previsível
Nem mesmo pra mim
Data pra ser
Hora pra acontecer
Estilo
“ ser feliz , dançar , beber , me acabar ...porque somos jovens..porque é carnaval”
E eu com isso, afinal...?
Apago a luz.
Acendo uma vela
Dou trela pra ela
Que me resume
Ta na estante perto da janela
Um livro dos prazeres
Só clarice pra me abastecer desse constante “ser ou não ser”
E lá tem a pergunta
“o que consideramos a vitória nossa de cada dia?”
Definiu
O que tanta palavra esparramada
Queria explicar
Transmitir
Transbordar
Respondo – a mim-
Num diálogo lúdico atemporal
“ a minha vitória é ser assim”
Criadora de mim
Do meu tempo
Do meu senso
Do meu universo
Flor
Saia rodada
Camafeu
All star colorido
Bolsa antiga
Paetê
Bordado
Camiseta branca
Tudo misturado
Clássica , básica, barroca, romântica , modernex , contemporânea , clichê
Não existe estilo definido pra mim
Sou tudo ao mesmo tempo
Ou nada o tempo inteiro
Sou o que me permito ser.
..
Será que é por isso que sempre acordo atrasada?











segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

miudinho

Finalmente se encontraram de novo
Até então era adedanha
Zerinho um
Sorte lançada ao mar
Raro encontrar
O sorriso de canto de boca
O olhar pequenininho que chamava atenção
Ela mulherão
Das pernocas quentes
Ouvindo que era muita areia praquele caminhão
Menino perdido da infância
Cheio de lembrança da moça brincando em pleno verão
Correndo na grama, chapelão romântico, desbravando de selvagem o campo
Inventando emoção
Ele sentado na varanda aberta
Observando a menina de cabelo despenteado
E nenhum pouco discreta
Ele sempre bem tímido
Ela sabe de hoje porque não lembra de nada lá de longe
Menino dos olhos claros miudinhos...
Ela sempre achando que ele ta dormindo
Quando nem se conheciam moravam pertinho
Ah que desperdício pensou.
Da janela a vista pra amendoeira
e praquela sala do prédio ao lado
era só virar um pouquinho o olhar
atravessar a rua
ah...Menina despercebida ....
agora ela aqui ele lá

tudo resolvido
vale o trato pro bom tato.
Vamos brincar de vizinhos?
Vou deixar faltar açúcar e te chamar...
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