quinta-feira, 24 de março de 2011

BUDA-TE

Sabe de uma coisa? 


O tempo não é o limite. 
O espaço não é o limite. 
O que a mente crê.As asas fazem.

terça-feira, 15 de março de 2011

Gulag ou as asas que moram num sapato


ler e ouvir ( se quiser) - Gulag-Beirut


ela era feita de miudezas. continhas brilhantes sobre a mesa.purpurina colorida dentro da caixinha comprada na antiga pérsia. um pequeno pinguim de geladeira para um dia enfeitar uma geladeira anos 50. um anel quebrado misturado com o dinheiro dentro da carteira. um colar de pimenta pendurado no varal. um pingente oco em contorno de coração. uma frase escrita na quina da parede branca. um chapéu dentro do armário. um tecido manchado de café. um lencinho para acenar da avó que só conheceu por fotografia. um sentimento esquisito dentro da gaveta. a gaveta muito aberta e precisando pintar. o armário bagunçado. uma camiseta, única e vermelha, dobrada. um inverno inventado dentro do quarto. um livro melado de doce dentro da bolsa. um papel rasgado e guardado. uma sanfona longínqua.um amor não revelado. a vontade de pegar um trem e viajar por todo o leste. viagem com vento. muito vento.o colar de pérolas barrocas no pescoço. a maciez das pernas entrelaçadas na madrugada. vento.muito vento. a sensação de respirar e tudo ser tão pequeno. o coração desperto na bagagem. o mundo em relevo na tatuagem que precisa ser retocada. um caderninho-inho-inho bem inho abarrotado de desejos em letra maiúscula. um cadeado de cobre da turquia. uma lâmpada de alladim que a madrinha deu. a certeza correspondida. a faísca do isqueiro bic. as mãos firmes. a sala amarela. o cinzeiro cheio de tudo que não é cinza. a ausência da mãe. o japão e a tragédia maior que tudo. a gota de suor e o perfume de tempero que vem da cozinha. a conta de gás e do telefone que veio alta. a história da ervilha que diz que o que há de ser traz força. o pensamento na folha de papel jornal. a chuva do lado de fora. a certeza de que um tempo se foi e do resto de tudo que ainda vem. tudo que vem agora. e vem sempre . o agora que vem sempre e então agora é infinito. a certeza do infinito que reside num aqui.a simplicidade da orquídea que se pensa violeta no jardim. a orquestra que é um coração acelerado. a velocidade que existe na palavra alegria e a lentidão que existe em toda felicidade. a vontade eterna de mudar o mundo. a rebeldia que surge na madrugada e a dor no pescoço de dormir quando já nem é mais noite. o café da manhã porque tudo vira manhã depois de fazer amor. o galope da égua que se chama fada e por isso tem asas. a mágica que se esconde em todo instante. o momento que chega de mansinho. as asas que moram num sapato. as virtudes em rebelião fora da gaveta trancada. o cofre sem senha. água. muita água. o relógio que parou quinze para as nove e continua na prateleira. a fantasia guardada para os próximos carnavais não esperados.  a purpurina daquela mesma caixinha.o auto-carnaval. a marcha fúnebre que acompanha o cavalgar do calendário. o choro do recém nascido que subli-nha ou será sublima(?) todos os fins. the long island sound. tudo costurado no botão do vestido de um verão.



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