sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

desejo de hoje




procuro as especiarias de mim
ampliando meus poros , veias e afins
 ajusto as incoerências e impulsiono o vôo
vou encontrar a linha invisível
que faz o mundo estar presente
aqui
no batimento
na vista chuvosa do Rio de Dezembro
na palavra não  necessária
agora
quando meu ambiente transborda
o que os olhos
são

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

inside


Na mesa ao lado
Um bule de louça rendada
Branco e dourado
Duas xícaras
Uma com chá
De Frutas vermelhas e canela
A outra
Rachada
Na cama desarrumada
O lençol
Branco
A colcha de pena de ganso
Os travesseiros com o cheiro de ametista
E uma saudade adormecida
O quarto carregando tardes longas de inverno interrompidas
Céu rosado
Um quadrinho pendurado
Na parede a esquerda
Um rabisco de um sentimento não catalogado
Na janela cor de Lua
A moça vagalume
Acende e apaga
Disfarça-se com o vento
Confidencia
O que não entende
Enquanto experimenta mastigar
lentamente
O pão doce e quente
E a ansiedade de todo dia

a verdade é que

aquilo que sente
nunca sacia.


segunda-feira, 20 de julho de 2009

presentes na mala para uma saudade inventada -



Uma carta para ser lida em janeiro de 2012 num café na rua em qualquer lugar do mundo que ele ache que tenha a minha cara.

Um vinho tinto para ser tomado no dia do nascimento de algo muito desejado que eu nunca soube ou não tenha tido tempo de desejar junto.

Um cd para ouvir sozinho na terceira noite de inverno que ele se sinta longe de onde queria estar. (se souber onde – se não, é recomendável esperar a próxima estação)

Um livro dos prazeres grifado e com um segredo na página seguinte do meu trecho preferido.

Um baralho da minha infância na grama faltando todas as cartas de copas exeto a dama.

Uma foto picotadacom alfabeto no verso, guardada numa caixinha de fósforos, pra montar no mural num dia de frio em que ele tenha perdido a hora .

Um relógio que só tenha o ponteiro de segundos, levemente entortado , que ande pra esquerda e que só poderá ser encontrado após ler o segredo. (do livro?)



Uma camiseta qualquer que soe como um presente de despedida qualquer – mas que carregasse o desejo futil e inútil que eu tive de ver ele vestido como eu gosto.


Um vestido bordado com 365 etiquetas no forro com frases ou imagens do meu cotidiano - para serem apreciadas todos os dias as 13:31 – horário que abro os olhos de verdade.

Uma verdade costurada no travesseiro que só se revelará mentira quando a carta for lida em 2012.
........
registros de uma madrugada chuvosa
ele pensa :
- talvez eu seja teu.
ela diz (olhando para a bicicleta quebrada):
- eu destruo tudo o que tenho...
...

se deu conta da finitude do tempo e pergunta para o homem que estava ao lado
- porque com você horas são?














terça-feira, 14 de julho de 2009

no dia certo de ir embora
durante aquele período pós sono
mais que meio dia
que ela chamava de minha manhã
ela preparou um café forte
adoçou com dois cubos de chocolate belga
e colocou na xícara única
de rosas vermelhas
tomou aquele café doce
de uma vez
como se engolisse seu desespero quente pra acordar
a palavra ir trazia suores
tremores inesperados
contato com o que não tem nome
e um objeto qualquer ao alcance
quebrado
ir te leva daqui?
ela pergunta
com vergonha de acordar
lambendo os dedos de chocolate
aquele
que ficou grudado
na xícara
única
de rosas vermelhas

quarta-feira, 8 de julho de 2009




E agora o cansaço,
o jantar quase à mesa
a estranheza de lembrar a palavra tempo
e das noites de névoa quando ela não trazia significado
minhas imagens rasuradas
a lua cheia nascendo do outro lado da janela
projetos descritivos do que pretendeu ser
cheiro de batata com alecrim vindo da cozinha
a casa quentinha

uma segunda-feira por acaso
os esqueletos de dois amantes que não se encontraram
fósseis de sentimentos a curto prazo

cheiro de âmbar, cama branca
banho tomado e longe da hora que é de dormir
um pouco conjugada fora do tempo
e se fosse o que não é?
um presente abandonado
sobra sim
um escaninho apertado da minha memória
uma pequena festinha mórbida
pra você
que de vez em quando deixo
protagonizar a minha lembrança





terça-feira, 30 de junho de 2009

viagem em slow motion



veio de longe
mandou uma imagem bonita
um rio gelado
uma cidadezinha que canta
disfarçada entre as montanhas nevadas
uma ponte pequena
e uma escada de jardim
jogada

a menina enraizada com cara de forasteira
encantada com palavras enviadas
na madrugada pseudo fria
desse ainda rio de janeiro

ele procurando território que abasteça
e a certeza de ser no aqui onde deva ficar

ela desenhando firmes fronteiras
com giz
para que algum alguém apague
e encontre um país.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

sinto logo existe


Nesse momento
Apaixonada por alguém que eu nem conheço
Morando num país que nunca visitei
Dormindo numa casa que ainda não construí
Formada num curso qualquer que ainda nem entrei
Trabalhando incansavelmente num projeto que ainda nem imaginei
Pensando numa idéia que ainda nem passou pela minha cabeça
Comendo um doce que ainda não conheço o gosto
Nesse momento
Vivendo o que ainda nem senti
Sentindo o que ainda não vivi
E a vida sendo isso
espaço necessário sendo criado

respiro

segunda-feira, 6 de abril de 2009

encontrando chão

dias que a vida aquieta
dias que a vida levanta tanta emoção
nas incoerências e imperfeições do que chamam de cotidiano
minha imagem refletida
quero sempre saber o que está por trás do coração que bate
da palavra escapulida
da pressão baixa
da dose única de cachaça que sobe demais

do metrô lotado
do pensamento que ativa a circulação
das perguntas prolixas
e ali

minha imagem refletida
meu espelho rosado antigo
em frente a minha cama tão branca
sou pôr cor do sol
sol nascer do sou
todo dia
sou morte e vida a cada instante
madrugada livre pra estar viva


e no exercício de ser destemida de mim
desembaço a imagem refletida
aqui agora o silêncio é
e posso ouvi-lo

aqui ...
minha nudez refletida
é madrugada e é quase meio dia

não quero mais aquela música repetida
prefiro aqui
eu e minhas perguntas não respondidas
meus quartos fechados
o escuro tem perfume
invencionice
e essa brisa com cheiro bom
as rosas coloridas
meus olhos estão

segunda-feira, 23 de março de 2009

tem dias que.

--------------------------------------------------------------------
Hoje cuido das sementes que se descobrem férteis em mim.Me abraço para dar aconchego ao crescimento que quero ver aqui de dentro.Faço chuva durante a última madrugada de verão e desejo ouvindo o vento abrindo o tempo, que todos meus bons conselhos aos outros tornem-se nascimento também em mim. Hoje faço do meu agora o melhor terreno pro crescimento que quero viver.

--------------------------------------------------------------------

Hoje ela me contou como foi quando a casa em que ela nasceu, morreu.

E eu imaginei o que deve sentir uma pessoa que cresceu vivendo em uma casa só. O que fazer quando é preciso ir embora de vez? Quando o pra sempre ou o nunca mais existe de vez.
Vê-la pela última manhã pintada com tinta, que já um outro escolheu. A sala vazia. A cozinha agora só com azulejos. Penso no tchau, ainda deitada na cama antiga, para a vista do quarto que viu claramente os dias mais escuros, para as paredes gastas, confidentes dos choros abafados, das felicidades tão cuidadas,da bagunça disfarçada,da ordem simulada ,do amor gritado e do emudecido.A república independente que era aquele quarto.
Imagino o que deve ser andar pela rua que decifrava cada linha dos pés descalços, e que agora não é mais caminho de volta. Comprar o pão quentinho da padaria amiga e levar pra outro canto, abraçar o jornaleiro que sempre a viu como criança e ler o segundo caderno sem o sol da varanda, daquela varanda.

"Agora existe uma casa nova . Sem espaço pra você. A vida tratou de encaixotar suas coisas."

Hoje também percebo quantas casas morrem dentro de mim. Estou de mudança, o caminhão carrega somente as caixas que ainda me servem, as outras, inúteis, foram devidamente, destruídas.
Não há mais espaço para o que eu costumava ser.É preciso mesmo
amadurecer sem perder energia, vitalidade , o frescor e a liberdade de ser.
Entro devagar pela nova sala vazia , clara, sol de meio dia. Como é bom enxergar que tudo que não me cabe mais é também esterco pra nascer mais vida.





segunda-feira, 16 de março de 2009

D-on J-uan

Don Juan era habituado e versado em fugas. No mundo em pânico, sentia-se em casa.
Se houvesse algum mundo seu, era esse.
...da fuga como uma forma de ganhar tempo ?
...a cada dia estivera numa região diferente do mundo…


Todos super convidados! Don Juan DJ

Primeira temporada até dia 4 de Abril no SESC COPACABANA - SALA MULTIUSO

SEXTAS E SÁBADOS - 20 HS

DOMINGOS - 19 HS
R$ 10,00 inteira R$5,00 meia


Don Juan como um tubarão , o maior predador do mar, que precisa estar sempre em movimento. Se parar, morre.
Don Juan um grande encenador.
Don Juan um DJ , que manipula as pessoas na pista de dança.
Don Juan e sua eterna fuga.
Uma montagem infiel como o próprio personagem.
A idéia do trabalho é ser infiel à peça de Molière, utilizando diversas referências autorais. A maneira como Don Juan manipula as pessoas serve de base para a linguagem da encenação.O clima é de circo, de cabaré,de miniaturas contando as constantes viagens desse DJ ao redor do mundo .
Um grande jogo, suas peças e por trás um homem com o peso da solidão e da falta de um contato real com o mundo e consigo mesmo.

domingo, 1 de março de 2009

um desabafo qualquer


Quero romper as fronteiras desse território
Quero meu eu expandido na melhor coerência e loucura impossível
Quero sair dessa linha imaginária que segura a decolagem
Quero ser pássaro e brincar com as diversidades de pouso
Quero sentir o muito de tantos lugares que sonho
Quero a ousadia do sol que nasce e morre todos os dias e não deixa de estar ali
Quero meu vôo livre
Quero a crença forte, o estar e o sentir.
Nunca desejei tanto outros lugares, olhar pela primeira vez, desaprender, apreciar a diversidade sem despertador, ser verão inesperado, sentir meu coração harpa-violino-arcodeon-gaita-bandolin dancing around the world e ouvindo nas horas de recreio a última estrofe da música-que não me deixa esquecer- a vida é mesmo agora.
E non lasciare andare un giorno per ritovar te stesso perché la vita è adesso
E não deixes passar um dia Para descobrir a ti mesmo Porque a vida é agora.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

sem sentido


O chão colorido
Minha pele encharcada de suor
âmbar
E o sangue quente adocicado com caipirinha de limão
peruca desfiada roxa reforçando meu ultimamente
personagem destemida de mim mesma
meia calça rasgada no vestido curto com lantejoulas pretas
A vida é doce de multidão confeitada sob o sol de verão
Meio dia(milagre) já bem acordada
A estátua no meio da praça-ponto de encontro de ninguém
Exercício para olhar além
estou aqui “primeiro de março com sete de setembro”
O tamborim avisou
A caixa estourada
instrumentos de sopro desafinados

Cadê teu ar trazendo música e vento?
nesse instante meu som ficou entorpecido
mesmo com meu constante repique e agogô
a língua afiada,brincalhona dá logo um jeito nesse pit stop mental
dessa vez não estou inventando fora de época( ufa)
é mesmo carnaval.






segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

pra não passar em branco


Intenção vem de intenso?
Intensa ação?
Querer muito?
Querer profundo?
Diante de toda essa luta contra o tempo, quero confiar.
Ser minha guia, ser auto-estrada, ser decisão diante de qualquer bifurcação.Preciso de todos movimentos em conexão.
Estou confusa. Se a palavra de ordem é ação,hoje não encontro meu verbo forte, não sei mais em que tempo conjugar o querer.Cadê a nitidez de ontem, chega desse pique-esconde dos meus reais desejos. Já contei até cem!!!Minha meta é urgente.Vamos brincar de outra coisa? Stop.Não!
Vou escrever um novo parágrafo onde não entrará artigo indefinido.
e tomar xarope de discernimento
Igual da Mary Poppins - com magia
com livre arbítrio pra inventar sabor
ou se é verde , vermelho , incolor
música de fundo eu também gosto( aí não deve ser da Julie Andrews)
crio todo o clima
me olho no espelho
e?
O que quero é mesmo intenso?
É desejo profundo?
Vem do meu centro?
Cadê minha bússola pessoal?

enquanto não encontro me divirto nos ventos que me levam

leve leve leve..............

--------------------------------------------------------------------------------------------


Ultimamente meu tema não tem variado
Eu continuo andando rápido
Eu escrevo à lápis mas não uso borracha
Eu gosto da luz do dia se despedindo
Eu como antes de deitar
Eu durmo na hora de levantar

Eu acordo pra trabalhar
Eu penso onde tudo que tem sido vai dar
Eu não tenho mais dor que inspirava (não quero de volta, obrigada)
Eu mudo o percurso pela cisma de transformar
Eu começo a ouvir o que vem do meu interior
Eu transformo salada de alface em batata quente e recheada
Eu aprecio música arranhada
Eu estou mais declarada
Eu preciso de conto de fadas,de céu na terra (firme)
Eu vejo a vida de Lua cheia
Eu levo a ansiedade como uma constante
Eu dispenso a equação torturante
Eu persisto nas mesmas palavras pelo prazer do re-significar
Eu amplio meu olhar
Eu paro diante de alguns horizontes
Eu procuro uma fonte de inspiração
Eu torturo as minhas escolhas nas madrugadas não avisadas
Eu danço a música do meu coração
Eu anseio hoje pela variação do meu ultimamente
mas sigo ainda meu tema com convicção



sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Ângela da tarde



A tarde caía fria, depois de dois dias de intenso verão. Ângela acordara estranha, com certa sofreguidão, incomum, no estômago. Sentia que dentro dela era um bater de asas trepidantes. Aproximou-se da janela, num misto de ação instintiva com expectativa. Podia surpreender-se com algo novo na vista de seu quarto, com alguma mudança, mesmo que sutil, naquela vista tão constante. Vento de fim de tarde, as folhas das árvores balançando e os milhares de tons de verde, tão diversos que resultavam mais do que a soma de todas as outras cores que se tem conhecimento.
Ela está ali.Fica por um instante imóvel,estática. Instante esse que parece durar mais do que o sono que tinha dormido na noite anterior. Caminha até a sala. Vai em direção a geladeira,na cozinha apertada quase dentro da sala, de onde ela ainda vê a janela. Abre a porta daquele refrigerador vermelho gelado. Come queijo, desejando saciar a vontade de comer o resto de pavê que tinha no congelador. Senta-se no sofá. Disfarça a gula não preenchida e procura não ficar muito confortável pra não adormecer. Um frio estranho na espinha. Quer fazer algo. Quer tanto fazer. E o tempo ali parado. Inquieta-se. Rapidamente passa a consultar sua agenda mental, pensando em quem poderia ligar e combinar um programa de começo de noite.Tinha suas preferências, é claro. Preferiu não ceder à escolha ou ao pretenso desejo que despontava. Opta em esperar. Uma ligação quem sabe? Não tinha força pra ser mais do que já estava ali sendo. Ângela vê-se ali, novamente, vivendo um instante similar as 24hs mal dormidas. Já cogitou sim ir caminhar em direção ao arpoador com um cachecol e se deitar nas pedras sentindo a brisa, fria. Vetou a vontade. Perda de tempo. Hora de fazer algo útil. Produtivo. E o que poderia fazer? Não se lembra mais. Espera o tempo andar. E o presente ficando mofado. Quer que seja rápido. Agora deseja, e deseja ardentemente, o fim do dia para acordar novamente em outro. Quer o escuro. Vida em sonho, corpo desarmado. Quem sabe surgiria alguma coisa amanhã? É bastante possível até abrir a geladeira e alguém ter comido o pavê, o qual ela relutava em ceder.
O telefone poderia tocar , ela podia cantarolar uma música qualquer, ter vontade de varrer a casa como quem faz faxina na própria vida , pra se auto-convencer. Ou não, ou o telefone simplesmente tocaria mas Ângela já estaria de saída para beber um coco gelado no calçadão.
Esperou.
Amanheceu.
Amanheceu hoje.
Amanheceu ontem.
Amanhece todo dia.
E tantos outros novos dias.
Ela aproveitava pra olhar a vista do quarto e por um segundo sentia que poderia ser feliz se houvesse mudanças.
Debruçou-se na janela. As árvores multi-esverdeadas não tinham mais folhas. A tarde já não era mais fria.Também,vento, não tinha mais. O telefone começava agora com outro número.
Ângela está ali na janela. Não cedeu ao pavê frio no congelador. Ângela permanece. Ela é a mesma? Um segundo que não passou (será que o tempo realmente passa?). Instantes em fuga no viaduto próximo daquela casa. Tudo isso é vida condensada? Sonho ou realidade. Os olhos piscam, escuro e claro, ciclo vida-morte-vida alimentando toda a humanidade. Ângela está ali, parada.


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

o outro


Não costumo colocar textos não autorais aqui, mas esse do Ericson Pires, reflete completamente o momento atual de todos nós, dos processos de criação corridos e lindos que experimento durante esses meses, dos momentos mais particulares que tenho vivido, das relações humanas que todo dia me pergunto "para onde estão indo?". Eu de verdade, amo o outro, e acho que "No encontro realizo o outro. E realizo a mim mesmo como (o) outro." é uma definição e tanto. Não quero jamais ter medo de SER humano, com tudo que essa palavra já diz. O foco é na transformação, no contato, na revolução, sejamos a mudança que queremos ver fora de nós, para que ela de fato aconteça também do lado de fora. Meu mantra é vida vida vida ATIVA. vida em circulação. prazer pelo encontro, sem medo, sem rodeios. ser por inteiro. quero enxergar de fato tudo que não está em exposição direta. quero o contato com o mais humano meu e de cada um. eu amo mesmo isso.

agora o texto:

Trata-se de uma aventura . o objetivo desta aventura é ela mesma. Percorrer. Experenciar. Basicamente a disposição para o encontro : o encontro com o outro, o encontro no outro , o encontro como território que se modifica a cada acesso. No encontro realizo o outro. E realizo a mim mesmo como (o) outro. Ao mesmo tempo, cada um de nós se torna fragmento desses encontros com o mundo. O encontro realiza a tradução efetiva de um evento de criação. A imensa teia tecida pelas singularidades preenche o vazio da indiferença produzida pela reprodução ad infinitum do mesmo. Esta teia é arte de criar encontros, ou seja, de produzir pensamento como experimentação do outro, como busca do outro, da realização do outro que eu-também-sou. Produzir pensamento é necessariamente uma aventura.
Parodiando o poeta chileno Vicente Huidobro: escrever um texto é criar um balançar de mar entre duas estrelas. Esse balançar de mar é a maneira pela qual a realização do texto escapa da possibilidade de ver/ser visto como um acontecimento encerrado , algo definitivo, é o elemento movente, marítimo ativo nesta composição textual. Escapar da determinação é estar diante das milhares de possibilidades que os encontros – enquanto criação-proporcionam .

sábado, 31 de janeiro de 2009


Hoje estou descabelada Com a roupa encharcada De tanto correr e suar
Tudo para depois pular Num mar De mim E nadar nadar nadar Até me afogar
E sentir que experimentei Tudo que estava dentro de mim.

Renasço
Me desfaço
De todos esses traços que me trazem atrasos
Morro e crio espaço
Fica o necessário
Hoje libero da minha essência mais escondida a coragem de enxergar
Tenho urgência de ser inteiramente o que sou
Agora na minha lista de tarefas diárias novos afazeres ficam mais claros
e o tudo que me cabe começa a transparecer
Hoje escuto com entendimento o compasso do meu coração
Eu sou uma menina
procurando unir a terra onde realizo
com o céu que eu piso.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

the end x the and

sem deixas
NÃO.
ainda não digo
"me deixa"
vê se enxerga nas minhas entrelinhas
bota a música que você canta em prática
ela é bonita mais ainda não encanta
porque não é vida que anda.

não sou fugitiva de mim
procuro os silêncios que são
ou a batida forte
o pulso que move numa nova direção

não me venha com frases que não dizem nada
palavras sem sentido
sem nexo
sem teu eu pretenso sensível
pra quê?
o que quer dizer?
(não pra mim...)
pra você!!!!
eu também não descobri a minha resposta
e isso não importa nesse agora
estou ocupada desvendando a grande pergunta que há por trás de mim
sempre tão discreta
na naturalidade dizendo que estou sem pressa
mas aqui dentro ando gritando
vida : vida-te
e sendo
não acredito em juventude perdida
nem em amor que encarcera e que faz da realidade cinema hollywoodiano
não vivo só de momentos
mas aqui tudo sim, de verdade, é intenso.

queria conseguir dizer independente da palavra
a tradução do que se passa
do que eu ando desvendando no meu coração
todo fim é um começo
e os inícios sempre tão no risco dos fins...
eu sempre quando afim
me desnudo do medo
essa é minha luta diária
coragem de experimentar o que é sem a pretensão do que deve ser
nada é uma exigência
mas a vida me provoca
me exige urgência
estou aqui
liberta pra estar
entre djs..i want love e Im free
I can see what i need
I see It`s always inside of me
I celebrate "My-Self "
and sing with my flowers and my huge trees

o que andam chamando de amor...eu desconheço
essa palavra mal usada
o meu mais sublime tem que vir sem medo
num impulso repentino
e em outro endereço.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

minha vida-a-vida.

duas coisas lindas que ouvi hoje:

Não há tristeza e felicidade. Há VIDA.

Quando o sentimento é, seja qual for ele, ele vem de FATO.

e o que digo?
é..acho que se vivermos como respiramos , inspirando e soltando , não podemos errar.
em mim há vida. que pulsa forte. nos dias de choro , nos dias de inconstância, nas risadas mais saborosas, no beijo que me pega desprevenida, no chocolate escondido dentro da gaveta, na carta que você escreveu e naquela não recebida, no vinho dessas noites mal dormidas, nos gritos dentro da cozinha, no cigarro acesso na madrugada festiva, no café preto nas manhãs nunca em jejum, na uva mordida, na subida de paralelepípedo, nas minhas pernas atrevidas .
aqui há vida.meu coração bate repique, respiro, estou ofegante na corrida, danço nessa pista acelerada e celebro meu refrão : estou viva!
sim, também estou descabelada, a maquiagem borrada do jeito que eu acho lindo. Sou desconstruída.
Apenas sinto.
pausa. solto o ar.
hoje já não defino mais triste e feliz , fácil ou difícil . Sigo.
construir e descobrir são meus infinitivos preferidos.
o que tenho pra dizer ao mundo me pergunto.
e tudo isso que tenho pra ouvir?
vai mundo...diz...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

neste momento


Sua falta de urgência destoa
Com a minha postura diante da vida
O que você chama de prática
Eu vejo como teoria
De tanto que quer ser
Deixa passar aquilo que é
Quero experimentar
Encontrar sem ter nenhuma pretensão de que esse agora sempre será.
Quero o agora
Sempre
E Já.
Tudo bem ...
confesso que um bom agora
faz a gente desejar brincar de sempre
e acreditar
Mas ...
para ganhar fôlego pra entrar nessa amarelinha
Não me prometa o céu
Mas se liga no jogo da pedrinha
Ela é timing
é sinal de onde você deve pular
Se ainda for tempo
Quem sabe estarei por lá.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Nosso solo é coletivo
é terra de sonhos unidos
é chão com reflexo do céu infinito
é brilho convergindo
é sabor das bocas destemidasAdicionar imagem
é o peito pulsante
aqui o solo é vibrante
dourado de verão
conexão direta cabeça alma coração
união de mentes sãs
vida ativando a circulação
sonhos em trânsito livre
criação emergindo em terra quente
mente em ebulição
sou amante de quem pisa nessa terra firme
aqui meu corpo em alerta realiza
a realidade em período fértil
eu sou um coletivo de solos
Eu não sonho solo
Eu sonho coletivo

pré alguma coisa


De repente nada do que estou sentindo tem sentido
Eu

Aqui

superlotada de tudo que chamo de tanto
A voz calada
Dentro o excesso
diferente de tudo que andava sendo
E o coração gritando
O que os olhos falam
(?)
Já nem sei mais qual a mensagem que é
Qual a que passa
E qual a que te satisfaz
Queria só comunicar
mas a minha urgência me obriga a emudecer
E a pressa inimiga de tudo que eu achava que era preciso pra ser
É nessa hora que percebo a calma mais potente pra fazer tudo crescer
Eu tão completamente exposta ao não sei
Desejo decisão como auto palavra de ordem
Sem punição

Quero o agora
Captar o que é
Quero o olhar extenso
O batimento alterado
A boca destemida
A atitude nessa hora que ainda há vida
naquilo que por enquanto
é terra fértil
é vontade
que um dia exista




Related Posts with Thumbnails