quarta-feira, 15 de setembro de 2010

ali, na capadócia ou depois de tanto tempo , talvez.



Prefiro dançar assim, de longe, finje bem que você não está mais aqui.
Abraço o amigo de ocasião com a intimidade de uma infância compartilhada. Ali, com todos do salão como cúmplices, desejo morbidamente escancarar o que a gente guarda como a curva do rio.
Você, no canto esquerdo da multidão é a primeira pessoa que percebo e sigo como que não,adiante, distraída, com uma miopia inventada às 4 da manhã.
Faz bem ser vista por você , mesmo atrás da coluna, nitidamente exposta,ali, meu não-sorriso, meu sono de tudo isso, minha vontade emudecida, minhas cartas nunca enviadas, meus cantinhos invisíveis e suas marcas disfarçadas. Gosto de ser o ponto de fuga desse retrato , a autonomia da sua paisagem, estar ali como se você nao estivesse é minha maior exposição. O salão está lotado, e eu ali excessivamente minha sendo de vez em quando sua. Talvez esteja a  mercê das suas rimas não ditas, desviando dessa história idiota,  que-eu-queria-que-fosse-fútil , melodramática não , cafona talvez, o que importa é que eu sempre gostei, fosse o que fosse, era.Tomo água , dessa vez com limão, avanço , a escada comprida, o portão de ferro antigo. Saio.  
A minha resposta continua sendo não. E meus olhos ainda são ? 
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não quis dizer que um dia gostou com mais verdade do que sabia.
que 6 horas da tarde no leme é triste porque foi lá que se deu conta de que não.
que ainda é mas forçou a vontade do abandono , e foi sim de coração.
não sabe se dizer salva.
não sabe se dizer vale.
não sabe se dizer ainda comunica.
ouviu tudo que era dito com a intimidade das madrugadas,  sem desviar os olhos.
cinco da manhã.
tomou um gole de coca cola, porque aquela noite não bebia para manter-se menos fiel a si.
descobriu que não era o álcool que fazia a verdade escapulir em horas indevidas.
também não era a música alta e nem o frio da rua pouco iluminada que trazia tremores inesperados e a gesticulação intensa e tátil.
era aquilo que não era dito.
era a vontade que ainda se fazia.
era o “e se”.
era aquilo que ficava no entre.
era
ela ele e
...


sentiu que talvez, ali na Capadócia ainda cabia aquela possibilidade
sentiu que seu abraço sempre deixa o mesmo perfume
sentiu necessidade da sua doença de querer muito
sentiu saudade do beco sem saída e do atalho de paralelepípedos e buracos
da manutenção da falta de expectativa para tornar o encontro possível
da falta de espaço para ceder
sentiu o impulso de dizer que algumas noites tem vontade de saber os seus porques
sentiu que era bonito dizer que já gostou mas calou porque não podia mesmo ser
sentiu o gosto do café quente-preto-amargo para acordar e não  ver
sentiu que depois de ter falado muito sério uma vez
nunca mais conseguiu perguntar
como vai você?



2 comentários:

lila disse...

"A minha resposta continua sendo não. E meus olhos ainda são ? "
...
q coisa linda toda essa,carol...
to encantada!
quanto coisa bonita.afe.

Gabriel Pardal disse...

isso aqui também é lindo demais.. e triste. poxa o poxa. às vezes acontece de me acontecer.

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