A Menina Sem Século É...

sábado, 13 de setembro de 2008

todo dia ela tá sendo movida por um frio na barriga diferente.
mas diz que está procurando o quente.
Isso é incoerência?

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Meu vestido está esgarçado
Ficou um laço frouxo
Bainha desfeita
Nenhuma tentativa de remendado
Cadê a linha que eu te dei?
E aquela agulha que deixei de lado?
Não acho a minha caixinha de costura
E nem tesoura afiada pra cortar o pano.
Fico moça
Vestido gasto
Sem cor e nem bordado.
Pra compensar, mudo o penteado.
E você acha que estou mais menina
Queria... mas não sei o que acho.
Pra você meu vestido
Está apenas mais largo
Longo
Estilo vestido recatado
Pano raro
Estampa de resguardo
Restringindo teu acesso
Cadê a moça de antes de vestido rendado?
Os outros acham que estou criando tendência
Fazendo moda
Querem que eu fale tudo sobre corte e costura
E crie novos modelos
Cansei!
Meu vestido me dá frio.
Eu não me visto eu me disfarço
Minha beleza é mais que estampa
Rasga esse pano que esconde minha natureza
Desabotoa o meu orgulho
Desnuda meu pecado
Desmancha meu penteado.
Meu vestido, já disse
não é meu significado.
Descostura minha fortaleza
é na minha nudez que está a minha realeza.

Marília Gabriela entrevista

A primeira palavra que disse foi Lua e a que mais adora é revolução. Anda enjoada de ser Carol. Pensou em mudar de nome, virar Linéia no Jardim de Monet , mas não acha que é isso que resolve. Adoraria viver na Idade Média, ter sido bruxa não perseguida, ou no Renascimento ou no século 18, ou na década de 20, 50, 60, pularia a década de 90. Também gostaria de ser pré-histórica. Brincava de “selvagem” pelos rios de sua fazenda, à base de araçá, cheia de roxo na perna e dispensando o castelo encantado. Também vendia pedra na porteira e era cigana. Hoje assume vários personagens. É sem século, tem mão grande e precisa de goiaba pra viver. Além de chocolate, madrugadas de vinho gelado, som alto, frio na barriga, e Clarice Lispector de auto-ajuda. Gosta de fazer currículos pra “não convencer”. De transformar poesia em objeto. De ouvir cd arranhado. De ter sangue eslavo. De comer chiclete de 2 em 2. De ser torcedora fanática do FLU só quando ele está pra ganhar. É pé no chão e tem asas maiores do que os pés. Tem dificuldade de desligar. Ama o sono e também ficar acordada até o dia raiar. Paixão por All star. Rosa no cabelo. Tem gente que acha que ela é romântica, mas faz muito pouco tempo que ela acha legal ganhar flores (não esperadas) e andar de mãos dadas. Gosta de conduzir na dança e fingir que não. É pé duro e avisa. Gosta de brincar de ver tudo como pela primeira vez. Tenta ser assim. Mas é outra. Que nem ela descobriu ainda.

Um pedaço de mim , eu por inteira , meus instantes intensos,extensos ou apenas passageiros, meus processos, meu agora, um passado sempre presente , um futuro construído. Mil cabeças , mil funções, mil idéias, milhares de eus , divagações, e o tempo, o meu, bem particular, dialogando com o tempo do mundo. E a vida, e a fila, e a espera, e os séculos, e a corrida contra e a favor e o tudo o tempo todo. As vozes e os silêncios mais profundos, meu eu emudecido contrastando com um eu constante prolixo.As noites brincando de pensar , meus achados e perdidos.Nem tudo presta, às vezes o que menos presta é o achado...e por aí vai...Isso é. Ponto. Não. Talvez uma vírgula, ou reticências, talvez um trecho de tanta coisa que pode ser. um rabisco de despedidas de mim e do tudo o que venho chamando de eu

sábado, 13 de setembro de 2008

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