sábado, 20 de setembro de 2008

Auto-Ficcional

(eu-ficcional-ele-ficcional-nós-ficcional-você-que-acha-ficcional)

Ele gosta
Gosta de fingir
Ele gosta
Gosta de mentir
Ele gosta
Gosta de induzir
Ele gosta
Gosta de seduzir
Ele gosta de emoção
Ele gosta
Ele diz que sofre com a busca
Ele gosta
Gosta da eterna procura
Ele diz que admira a si
Ele gosta
De dizer
Mais do que admirar-se
Ele gosta de brincar de despudor
Mas treme mesmo é com o pudor
Ele beija bem
E acha que beija muito melhor.
Ele se acha demais
Se não se achasse tanto
Seria mais

Eu acharia..
Ele encontraria
A si
Ou o meu achado.
Eu dessa vez chamaria
Ele ouviria.
Ele acha que esse poema é pra ele.
Ele acha sempre.
Ele gosta.
Deixa ele achar.
Ele se diverte
Ele gosta
Ele gosta...
......

Ele desligaria o rádio de voz rouca
Ele pararia de trocar de estação
Ele comporia música pra bom ouvido
Ele me chamaria atenção

Eu gritaria ( de verdade agora)

Ele fica doido com várias
Ele não conhece a loucura que eu faria
E olha que ele tem até boa visão e imaginação...mas

Ele não imaginaria...
Ele é falador de si.
Ele gosta de se gabar.
Ele conta historias inventadas do seu mundo particular.
Ele acredita que todas vão dizer “eu te amo” um dia.
Ele pensa que gozo é grito, é gemido, é avisado.
Ele diz que nunca cai em armadilha
Ele de manhã é calado.
Ele a noite é descarado.
Ele sóbrio é observador.
Ele com álcool é fingidor.
Ele pega.
É ...ele tem pegada.

Ele é verde e se acha maduro.
Ele é baixinho. É moleque. Meio esquisito.
Ele se acha “bom moço bandido”
“não preciso ser lindo pra ser o mais querido”
Ele se atreve.
E busca conforto em Clarice, Pessoa, Vinícius...
(Tá Isso eu também faço)
Ele diz “olha só o que te escrevi”
Ele questiona
Ele reclama que não encontra seu amor
Ele oscila “dou e não dou conta da minha dor”
Ele é clichê
Ele chega a ser autêntico.
Ele é um profissional.
Ele é primitivo.
Ele não está me deixando dormir.
Ele me deixa apertada na cama.
Ele se esparrama.
Chega pra lá!
Ele não acorda com a luz ligada.
Ele no meio do sono reclama alto.
Ele acha que eu não sei de nada.

Eu ainda gosto de ser domadora
(desde que não seja leão)
Ele não é rei da selva
Ele não é o melhor de cama
Ele que acha.
Eu não.
Eu gosto desse jeito dele todo de ser
o que ele não acha que é.
Ele é tolo, dá pra perceber.
Ele é tão “bonitinho”.
É menino.

Acha que não.
Ele teve uma namorada que não sabia que namorava ele.
Ele não sabe que eu sei disso.
Aliás de mim, ele não sabe nada.
Mas acha.
Que sabe.

e nada adianta dizer " a estrada vai além do que se vê"

Ele me liga quando eu desligo.
Chega. To indo dormir.
Chega pro lado
Deixa que eu te acordo direito tá?
Te acho bonitinho ainda assim ...esparramado...
Mas com cuidado
empurro um pouquinho pro lado...

2 comentários:

Mariana Quintão disse...

nossa, vaaarias referencias!!!
essa carapuça vai vestir muiita gente.... abafa!

alias..vou escrever um
"baixo-ficcional..."

tatá. disse...

auto ficcionalmente falando de
particularidades ou criação de uma mentira bem construída[interrogação]

bunito texto senhorita[exclamação]

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